sexta-feira, 5 de março de 2010

A história das Copas do Mundo


BRASIL - 1950

Poster da Copa.

Derrota na Copa de 50 ainda é lembrada

O dia era o 16 de julho. O local, o Maracanã, estádio construído especialmente para a disputa da Copa do Mundo. A previsão, uma festa para comemorar o primeiro título do Brasil em um Mundial. A realidade, a maior tragédia já registrada na história do futebol.

A derrota para o Uruguai na final da Copa de 50 está gravada para sempre na memória dos brasileiros. Até quem não era vivo na época sabe o que representou aquele jogo.

Por causa da Segunda Guerra Mundial, a Copa do Mundo deixou de ser disputada entre 1938 e 1950. Em 1946, um ano depois de a Guerra acabar, a Fifa decidiu realizar a próxima Copa no Brasil, escolhido por querer sediar o evento e por não ter sofrido abalos com a Guerra.

Mais do que um campeonato de futebol, a Copa de 1950 foi um marco. O mundo se recuperava do colapso da Guerra. As pessoas procuravam encontrar um caminho após a destruição, e o futebol serviu como prova de que as coisas poderiam voltar ao normal.

O Maracanã foi construído especialmente para a realização da Copa. Na abertura, mais de 80 mil pessoas pagaram para ver o Brasil golear o México por 4 a 0, com dois gols de Ademir Menezes, um de Jair Rosa Pinto e outro de Baltazar.

Era o começo de uma campanha brilhante no Brasil. Até chegar a Final, a Seleção ainda goleou a Suécia por 7 a 1 e a Espanha por 6x1.

A última partida não foi exatamente uma final, já que o regulamento previa um quadrangular decisivo. Mas, por coincidência, Uruguai e Brasil se enfrentaram na última rodada, e só os dois tinham condições de lutar pelo título. O Brasil jogava pelo empate.

Nos dias que antecederam o jogo, já se festejava a conquista. Os próprios jogadores se deixaram levar pelo clima de "já ganhou" de dirigentes e torcedores. Um jornal carioca chegou a publicar, na véspera do jogo, a manchete "Estes são os campeões do Mundo', com a foto do escrete brasileiro.

Melhor para o Uruguai. O capitão Obdulio Varela comprou vários exemplares deste jornal e forrou o vestiário do time. Incentivou os jogadores a não aceitarem serem meros coadjuvantes.

Mais de 170 mil pessoas presenciaram o jogo no Maracanã (fontes não oficiais afirmam ter sido mais de 200 mil). Em campo, o Brasil saiu na frente, gol do são-paulino Friaça no comecinho do segundo tempo. Calmamente, Varela pegou a bola no fundo das redes e caminhou lentamente até o meio campo, incentivando os companheiros, enquanto a arquibancada comemorava.

Aos 21 minutos, Schiafino empatou. O resultado ainda dava o título ao Brasil, mas o Maracanã se calou. Faltando dez minutos para o jogo acabar, Gighia recebeu uma bola nas costas de Bigode e, da entrada da área, ameaçou cruzar. Mas chutou direto, entre a trave e o goleiro Barbosa, que teria falhado e por isso foi eternamente crucificado.

Ao fim do jogo, os jogadores brasileiros se dirigiram chorando aos vesiários. Os torcedores continuaram sentados, sem saber o que fazer. Jules Rimet entregou a taça que leva seu nome ao capitão Varela, deu um aperto de mão e um "Parabéns"sem graça e saiu. Os uruguaios nem deram a volta olímpica. Se abraçaram e saíram. Não havia menor clima para festa. O Maracanã parecia um velório gigante.

A ficha da Final

Brasil 1
Barbosa; Augusto, Juvenal, Bauer, Danilo; Bigode, Friaça, Ademir de Menezes, Zizinho; Jair e Chico.
Técnico: Flávio Costa

Uruguai 2
Máspoli; González, Tejera, Gambetta; Obdulio Varela, Andrade, Ghiggia, Pérez; Míguez e Schiaffino.
Técnico: Ivan Lopez

Data: 16/7/50
Local: estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro
Árbitro: George Reader (ING)
Auxiliares: Arthur Ellis (ING) e Gumar Ahler (SUE)
Público: 173.850 pagantes
Gols: Friaça aos 2, Schiaffino aos 21 e Ghiggia aos 34minutos do segundo tempo. (Fonte: Wagner Ghizzoni Júnior)

Ghiggia, o carrasco brasileiro, em foto atual.
Uruguai, campeão mundial de 1950.
Copa Jules Rimet.
Jules Rimet, fez a entrega da taça aos uruguaios. (Fonte: Livro "Todas as Copas do Mundo", de Orlando Duarte)
Juan Schiaffino, marcou o primeiro gol uruguaio contra o Brasil (Fonte: Site Storie di Calcio)
Obdúlio Varela, o grande nome da Seleção Uruguaia. (Fonte: Site Storie di Calcio)
Uruguaios comemoram o título.
O Brasil substimou o Uruguai. (Fonte: Livro "Todas as Copas do Mundo", de Orlando Duarte)
O gol de Friaça deu a falsa impressão de vitória. (Fonte: Site Storie di Calcio)
O gol de Schiaffino. (Fonte: Site Storie di Calcio)
Ghiggia fez o gol do título. (Fonte: Site Storie di Calcio)
Barbosa deitado, tragédia consumada. (Fonte: Site Storie di Calcio)
Gol de Ghiggia calou 200 mil torcedores. (Fonte Livro Todas as Copas do Mundo, de Orlando Duarte)
Chico tenta marcar para o Brasil na final contra o Uruguai.
A forte Seleção Brasileira: Johnson e Mario Americo (massagistas) - Barbosa - Augusto - Danilo - Juvenal - Bauer - Ademir - Zizinho - Jair - Chico - Friaça e Bigode.
Um lance de Ademir, no jogo contra a Espanha.


Lances do jogo Brasil X Suiça. (Fonte: Site Storie di Calcio)
Seleção inglesa eliminada pelos Estados Unidos, aguarda o vôo de volta ao seu país. (Fonte: Site Storie di Calcio)
(Fonte: Site Storie di Calcio)

A mãe de todas zebras

Na Copa de 50, disputada no Brasil, um homem fez um gol de cabeça no Estádio Independência que colocou Belo Horizonte em todas as manchetes do mundo. Seu nome: Nicolas "Joe" Gaetjens.

Foi na vitória do time amador do Estados Unidos por 1 X 0 contra os poderosos ingleses, até então os Reis do Futebol, no jogo considerado "a maior zebra da história das Copas".

Quem fez o gol dos EUA foi Joe Gaetjens, na época com 26 anos. A biografia deste jogador acabou em um triste mistério. Ele desapareceu em 1964 em sua terra natal, o Haiti, depois de ter sido preso pela sanguinária polícia secreta do ditador Papa Doc, a Tonton Macoute.

Gaetjens jogou pelos EUA porque estudava no país. Depois da Copa ele retornou ao Haiti onde se tornou um empresário do ramo de lavanderias. Detido em 1964, nunca mais foi visto.

Em 1979, a Comissão Internacional de Direitos Humanos concluiu que ele foi morto na época de sua prisão. Há indícios que ele foi fuzilado alguns dias após sua detenção, embora fosse apolítico.

Em 1976 seu nome foi inscrito no Hall da Fama do futebol dos Estados Unidos. Alguns antigos companheiros dele daquele lendário time, contaram em 2002, que ele era um grande esportista.

Certa vez, por achar que não estava jogando bem, devolveu o seu salário. Esses antigos jogadores disseram ainda que o que mais os impressionou naquele dia no Independência foi que a torcida brasileira de 10.151 pessoas, invadiu o gramado após o jogo e carregou o artilheiro nos ombros.

Até ouso sugerir que na reforma do Independência para substituir o Mineirão enquanto este estiver sendo preparado para a Copa, o América homenageie Gaetjens no novo Estádio com uma placa no hall, relembrando aquele jogo no qual ele cravou o nome do campo na história do futebol mundial. (Fonte: Márcio Lima - BH)

McIlvenny e Wright, capitães de inglaterra e EUA, antes do jogo. (Fonte: Site Storie di Calcio)
Seleção da Itália, no jogo contra a Suécia. (Fonte: Site Storie di Calcio)
Camisa do Brasil em 1950 (Fonte: CBF)
Porto Alegre não ficou fora do cenário, pois junto com Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Curitiba, foi uma das sedes da competição, abrigando duas partidas do Grupo 1: Brasil, Iugoslávia, México e Suíça.
As partidas foram disputadas no Estádio dos Eucaliptos, do Internacional, no Bairro Menino Deus, na Rua Silveiro. No primeiro jogo, com mais de 11 mil pagantes, a Iugoslávia goleou o México por 4 X 1, e na segunda partida, com 3.800 pagantes, a Suíça derrotou o México por 2 X 1.
Todos os jogos do Grupo 1:
24/6- Brasil 4 x 0 México (Maracanã/RJ)
25/6- Iugoslávia 3 x 0 Suíça (Independência/Belo Horizonte)
28/6- Iugoslávia 4 x 1 México (Eucaliptos/Porto Alegre)
28/6- Brasil 2 x 2 Suíça (Pacaembu/SP)
1º/7 - Brasil 2 x 0 Iugoslávia (Maracanã /RJ)
2/7 - Suíça 2 x 1 México (Eucaliptos/Porto Alegre) (Fonte: Google)
Estádio do Maracanã, ainda em construção, pouco antes da Copa de 1950. (Fonte: Site Storie di Calcio)
A Copa de 1950 foi um marco. Foi bem mais do que um campeonato de futebol. Para todos os brasileiros. O mundo ainda sofria o colapso provocado pela Segunda Guerra Mundial, encerrada cinco anos antes.

A Europa aos poucos se reconstruía. As pessoas procuravam encontrar um caminho após a destruição, e o futebol serviu como prova de que as coisas poderiam ser corrigidas e a vida voltar ao normal.

Assim, nesse clima o Brasil abrigou a quarta Copa do Mundo da história. A escolha do país para ser sede aconteceu em 1946 e levou em conta o fato do Brasil, único candidato, não ter sido atingido pela guerra.

Mas era preciso organizar a Copa, e para isso os dirigentes resolveram criar um gigantesco estádio no Rio de Janeiro, no bairro do Maracanã. As obras atrasaram e obrigaram o vice-presidente da Fifa, Ottorino Barassi, a vir ao Brasil cinco semanas antes do início do Mundial para garantir a disputa do torneio. Fonte: Google)