quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Um estádio agoniza no litoral gaúcho

Há mais de duas décadas, a cidade de Cidreira, no Litoral Norte gaúcho, tenta encontrar uma solução para o que se tornou um elefante branco no município: o Estádio Municipal Antônio Sessim, o “Sessinzão”, inaugurado em 1996.

Desde a vitória do Internacional sobre o Ypiranga de Erechim por 1 X 0 na inauguração, o gigante de concreto entre as dunas da praia ficou maior parte do tempo abandonado e sem manutenção, o que causou danos a estrutura. A nova administração da prefeitura busca agora encontrar uma alternativa para recuperação.

O recém-empossado prefeito da cidade Alexsandro Contini afirmou que tem como meta devolver o estádio à comunidade. A primeira medida vai ser uma pequena obra na entrada do estádio, que mesmo fora de uso para grandes jogos há quase 10 anos ainda gera curiosidade de visitantes.

A tarefa de recuperação, porém, será complexa. O “Sessinzão” até passou por uma reforma em 2007, quando recebeu jogos da dupla Gre-Nal no Gauchão. Na época, a prefeitura e parceiros gastaram mais de R$ 600 mil para deixar o estádio em condições de receber as partidas. Só que o projeto não teve seguimento no ano seguinte. Sem grandes atrações, novamente foi deixado de lado.

Os anos sem manutenção geraram vários danos às estruturas do estádio, que está interditado para jogos oficiais desde 2011. Uma parte da arquibancada ruiu e desabou. No outro lado, a situação é menos grave, ainda assim longe de condições para receber um jogo. A prefeitura calcula que uma reforma pode custar de 2 a 5 milhões de reais – algo inviável para os cofres municipais.

O prefeito Alexsandro Contini  garantiu que não pensa em demolir o estádio. Um dos engenheiros responsáveis pela construção do estádio de Cidreira, Renato Trevisan lembrou que o projeto idealizado pelo então prefeito Eloi Braz Sessim era ambicioso. Sessim, entretanto, teve o mandato cassado antes da inauguração. O nome do estádio foi uma homenagem do ex-prefeito ao pai.

Sem receber partidas profissionais há quase uma década, o estádio é atualmente palco apenas de partidas do futebol de várzea da região. Equipes locais e de municípios próximos utilizam o campo nos finais de semana ao longo do ano. O gramado está em bom estado.

Um funcionário da prefeitura conhecido como “Tio Ivo” é o responsável por cuidar do gramado. Há 11 anos, ele trabalha no local. De segunda a sexta ele vai ao estádio, molha e corta a grama e pinto as marcações. Aos finais de semana acompanha os jogos. Garante que a sua vida é estar no estádio. E sonha em ver o estádio novamente sendo usado para jogos profissionais.

O “Sessinzão” foi inaugurado em 2 de fevereiro de 1996 com o jogo Internacional 1 X 0 Ypiranga, pela primeira rodada do Gauchão. O primeiro gol do estádio foi marcado pelo volante Anderson;

Ainda em fevereiro de 1996, o estádio recebeu a “Copa Renner”, vencida pelo Grêmio. Participaram do torneio o Sport Recife (vice-campeão), o Nacional (Uruguai), e o Cerro Porteño (Paraguai). Após uma reforma, o estádio recebeu oito jogos da dupla Gre-Nal no “Gauchão” de 2007;

A capacidade do estádio na inauguração era de 18 mil lugares, bem maior que a população da cidade que, hoje, tem 14,5 mil pessoas segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (Fonte: Jornal “Correio do Povo” - Fotos: Fabiano do Amaral)


O estádio quando foi inaugurado. (Foto: Divulgação)

“Tio Ivo”, o zelador, sentado a frente do estádio.

Tem lixo por toda a parte.

O retrato da desolação.

A vegetação alta está por toda a parte.

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